Semana da Mulher: Pesquisadora paraense apoiada pela Fapespa desenvolve biomaterial de açao
Preocupação e determinação. Duas palavras que acompanharam sempre a trajetória da cientista paraense Lina Bufalino, preocupação com meio ambiente e determinação em desenvolver soluções para protegê-lo. Na ciência, a pesquisadora encontrou as ferramentas que precisava para transformar a sua realidade, um bom exemplo disso é o projeto liderado por Lina e outros pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), que utiliza tecnologias avançadas para desenvolver um biomaterial feito de resÃduo do açaà para ser utilizada em várias áreas da indústria, como a de higiene, alimentÃcia e de cosméticos. Essa iniciativa é apoiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), instituição que visa o fomento da pesquisa e inovação no Estado e comprometida com o aumento da participação feminina no âmbito cientÃfico, e executado pela Fundação de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Sustentável Guamá â Fundação Guamá.
âQueremos contribuir com a efetiva sustentabilidade da cadeia produtiva do açaÃ, visto que o resÃduo do despolpamento é o seu ponto fraco. Atualmente, cerca de 70% do fruto processado se torna resÃduo, tão conhecido por causar vários problemas de poluição nas cidades da Amazônia e ser um transtorno para os comerciantes locais de açaÃ. Por isso, nós queremos que além da polpa, outras partes sejam aproveitadas. Além disso, acreditamos no desenvolvimento de biomateriais sustentáveis de alto valor agregado a partir das fibras do resÃduo do açaÃ, como sendo produtos extremamente atrativos, e queremos divulgar tal potencial para a comunidade acadêmica (inter)nacional.â, afirma Lina Bufalino.
Para que o biomaterial seja produzido o resÃduo do açaà passa por uma série de tratamentos com substâncias quÃmicas, causando a separação das fibras de celulose do restante do material. Essas fibras são utilizadas como base do produto, pois, apresentam grande alta capacidade de resistência, coesão entre as moléculas e baixa permeabilidade de gases e gorduras. Depois desse processo, para garantir que as embalagens sejam livres de substâncias tóxicas, como o bisfenol liberado pelo plástico convencional, elas passam por um tratamento com óleos naturais para evitar o acúmulo de bactérias e atraiam insetos.
As fibras de celulose já são utilizadas em alguns produtos, como os papeis eletrônicos denominados e-papers, células solares e papeis comuns. Contudo, a aplicação desse material, que seria apenas descartado no meio ambiente, a embalagens em diversos setores da indústria é inovadora, pois, representa o grande potencial que o açaà tem, podendo ter muitas utilidades além da culinária.
âEspero muito mostrar que as pesquisas de bioprodutos merecem investimento e consideração da população, pois podem solucionar problemas como o do resÃduo do açaà e propor formas de desenvolver a região, conforme princÃpios de economia verde.â, afirma a pesquisadora.
Esse projeto representa o empenho da Fapespa, em parceria com o Governo do Estado, em fomentar o desenvolvimento da inovação e ciência na região.
Texto: Lorena Coelho