Pesquisa em destaque: pesquisadores apoiados pela Fapespa tem artigo publicado em revista Internacional de Ciências Aquáticas
A Amazônia compõe diversas riquezas naturais por meio de sua fauna e flora. Mediante a essa temática, surgem inúmeras discussões enquanto a proporção de medidas em proteção e manutenção do bioma. Nesse contexto, um grupo de pesquisadores do laboratório de ecologia e conservação e Instituto de ciências biológicas, da UFPA, desenvolveram uma pesquisa totalmente direcionada às ameaças de degradação do solo e do equilíbrio da cadeia viva no meio aquático da Amazônia oriental, visando promover novos dados, por meio de estudo, que auxiliem a tomada de soluções e formulações de políticas públicas à tomadores de decisão na região norte.
À frente da coordenação da iniciativa está a Professora e Bióloga Ana Paula Justino Faria, que foi bolsista pela Fapespa em mestrado e doutorado no PPGCO da UFPA.
Contudo, de acordo com o grupo de pesquisa do projeto, é notório o quando a Amazônia tem passado por modificação em sua paisagem natural ao longo das décadas, mas em algumas regiões, como no Pará, essas modificações foram aceleradas nos últimos anos. Para Leandro Juen, membro do projeto, “Nesse cenário, nós queríamos entender o que estava acontecendo com a condição ambiental riachos e a sua biodiversidade, mas analisando em um contexto de diferentes tipos de usos do solo, como pecuária, plantação de dendê, extração ilegal de madeira e extração de madeira manejada”, explica.
Um ponto prioritário do estudo, os ecossistemas de riachos, é um bom sistema modelo para estudos, pois são altamente heterogêneos, o que contribui para alta diversidade biológica devido ao acúmulo de espécies com diferentes afinidades ambientais, como seres efémeros, lavas de insetos aquáticos que vivem em águas correntes, limpas, oxigenadas e sensíveis à poluição. E para isso, foram realizadas as amostragens dessa biodiversidade e quantificadas variáveis estruturas físicas de 82 riachos distribuídos em duas importantes bacias hidrográficas no Pará: a bacia do rio Acará e Capim.
No entanto, foi observado que as atividades humanas contribuem para a modificação da paisagem ao redor dos riachos, alterando as condições ambientais e a diversidade entre os riachos e, consequentemente, afetar as comunidades bióticas. Tais atividades como pecuária, exploração madeireira, e outros, resultam na perda de vegetação ribeirinha que, por sua vez, resulta em aumento da radiação solar, temperatura da água, carregamento de sedimentos finos no leito do rio, maior instabilidade das margens que leva ao aumento da erosão e perda de habitat no rio.
Por outro lado, um fator importante para mitigar essa situação são as florestas secundárias e fragmentos florestais aos córregos, na conservação do habitat do riacho e da biota nele contida. “Nós descobrimos que a associação entre uso da terra e a degradação do habitat pode não ser tão direta, principalmente quando os riachos estão inseridos ou circundados por fragmentos florestais. Isso tem implicações importantes, porque formuladores de políticas ambientais geralmente consideram os fragmentos florestais como paisagens degradadas como justificativa de sua conversão para outros usos da terra. No entanto, nosso estudo mostra que os fragmentos florestais são importantes para a manutenção da condição ambiental dos riachos e sua biota, e devem ser foco de ações de conservação e restauração, principalmente em regiões de alta biodiversidade como a Amazônia.”, revela a equipe.
Atualmente a pesquisa encontra-se concluída, e recentemente foi publicado o artigo em Hydrobiologia a público em uma plataforma internacional que servirá tanto para a cadeia acadêmica de produção científica, quanto para tomadores de decisão da região norte, utilizando a nova gama de dados em literatura para auxílio a reforços de políticas públicas a cima desse tema.
Para conferir o manuscrito completo, acesse : https://link.springer.com/article/10.1007/s10750-023-05190-x