8 de março: Como as mulheres mudam a ciência?
A experiência de um projeto paraense apoiado pela Fapespa e liderado por mulheres cientistas na Amazônia.
Desde 1975, no dia 8 de março, é celebrado oficialmente o Dia Internacional da Mulher, uma data que marca a luta histórica das mulheres pela igualdade de gênero. Mais de 45 depois, elas já ocupam todos os espaços da sociedade, mas ainda continuam buscando por mais oportunidades. Para a professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Janae Gonçalves, a chance de mostrar seu trabalho veio depois de um caminho trilhado com dedicação e paixão pela área que escolheu: a educação. Atualmente, ela coordena um projeto pioneiro no Brasil, o Programa de Desenvolvimento às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista(PDTEA), apoiado pelo Governo do Pará e pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas(Fapespa), que une a pesquisa científica com políticas públicas, com objetivo de fortalecer os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista(TEA) no Marajó.
O projeto também é um espaço para estimular o interesse de alunas de graduação pelas ciências e tecnologias e incentivar a busca por profissões e carreiras científicas entre as meninas e mulheres. Isso porque a coordenadora do projeto conseguiu gerar um espaço de acolhimento, respeito e produção de conhecimento, que conta com a participação de 9 mulheres, bolsistas, estudantes de graduação e profissionais. A equipe é composta por pesquisadoras e voluntárias de áreas variadas do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento de discussões mais plurais sobre as problemáticas abordadas.
Assim, é possível afirmar que também são objetivos do PDTEA atuar no combate aos preconceitos existentes com relação à presença de mulheres nas carreiras e profissões científicas e tecnológicas; divulgar possibilidades profissionais nessas áreas; desenvolver ações com as alunas de graduação para terem contato direto com atividades e práticas científicas; contribuir para o envolvimento das estudantes em tarefas que busquem desenvolver suas habilidades em espaços que lhe sejam asseguradas condições de igualdade de gênero.
Para Alícia França, aluna do curso de Pedagogia pela UFRA e pesquisadora do PDTEA, trabalhar em um projeto científico ainda na graduação vai ampliar seus horizontes e expandir os conhecimentos práticos e teóricos adquiridos. “Estar no PDTEA me possibilita compreender as dinâmicas de trabalho científico e fazer parte delas, sempre aprendendo e ensinando”, afirma.
Estratégias de aumento da presença feminina na ciência
O desenvolvimento do trabalho de mulheres na ciência, em sua maioria, depende da luta e persistência em manter-se no meio. Segundo o estudo “Parent in Science”, a redução salarial, a sobrecarga de trabalho doméstico, assédio e o não reconhecimento da qualidade de pesquisas e projetos são apenas alguns dos desafios que elas superam todos os dias.
Mas, nesse cenário, é necessário que se busquem caminhos para mudar essa realidade, com investimento em políticas públicas. A Fapespa tem investido nesse sentido e, além de apoiar projetos liderados por mulheres como o da Professora Janae Gonçalves, abre chamadas exclusivas para pesquisas femininas.
A remuneração das bolsistas é reajustada conforme os padrões estabelecidos por órgãos competentes, o que lhes oferece segurança para desenvolverem um trabalho de qualidade.
Ainda assim, a coordenadora do PDTEA afirma que é fundamental mudar a perspectiva científica apresentada desde a infância para as meninas, para quebrar o estigma de que certas profissões são masculinas e outras femininas. “É muito importante o incentivo ao conhecimento desde cedo, o ensino das ciências duras. Isso implica mudar a estrutura educacional para a ciência estar perto das meninas desde a infância e durante a fase escolar”, afirma.
Essa é apenas uma parte da jornada de luta e conquistas iniciada com muitas outras mulheres que se propuseram a fazer ciência. Por isso, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) reforça seu compromisso em fortalecer a participação feminina na ciência e as parabeniza pelo dia dedicado à luta histórica das mulheres. Feliz 8 de março!
Texto: Lorena Coelho